A alimentação envolve diferentes aspectos que manifestam os
valores culturais, sociais, afetivos e sensoriais de cada população.
Diferentemente dos demais seres vivos, as pessoas, ao se alimentarem, não
buscam apenas suprir as necessidades orgânicas de nutrientes, mas também
consumir alimentos com aromas, cores, diferentes texturas e sabores que agradam
ao paladar e proporcionem saciedade, mais do que componentes nutricionais à
dieta.
Em geral, o
homem moderno não está preocupado com a qualidade nutricional dos alimentos,
mas, sim com o sabor, a aparência, as embalagens práticas e acessíveis.
A maior
preocupação do homem moderno é comer e manter a saciedade, priorizam o que é
“prático”, mesmo que sem qualidade nutricional. Esse fato justifica o grande crescimento
de indústrias de produtos em embalagens individuais como por exemplo, batatas
do tipo chips, biscoitinhos recheados e lanches do tipo fast food.
Tal hábito
alimentar ocasiona inúmeros problemas de saúde e doenças carenciais devido à
ingestão descontrolada de produtos sem valor nutritivo recomendável,
principalmente por crianças e adolescentes. Esses produtos, que são muito
práticos mas sem valor nutricional, são o lanche preferido de grande parte dos
estudantes de todas as faixas etárias. Além disso, ingerem-se com esses
alimentos grandes quantidaedes de gorduras, carboidratos refinados,
principalmente açúcar, e de sódio, deixando-se de lado as proteínas, vitaminas,
minerais e fibras, nutrientes indispensáveis para manter o organismo saudável.
Uma dieta
apropriada é aquela que é tanto adequada quanto balanceada e incorpora
variações individuais, tais como idade e estágio de desenvolvimento,
preferências de paladar e hábitos alimentares. Também reflete a disponibilidade
dos alimentos, condições socioeconômicas, instalações de armazenamento e de
preparo e habilidade culinária. Uma dieta balanceada é aquela que atende todas
as necessidades nutricionais de um indivíduo para a manutenção, reparo,
processos vitais, crescimento ou desenvolvimento. Engloba energia e todos os
nutrientes em quantidades apropriadas e proporcionais entre si. A presença ou
ausência de um nutriente essencial pode afetar a disponibilidade, absorção,
metabolismo ou necessidades dietéticas de outros. O reconhecimento das inter-relações
dos nutrientes garante um suporte maior para o princípio de manter uma
variedade de alimentos para fornecer a mais completa dieta.
Uma
alternativa de ação para a alimentação saudável deve favorecer, por exemplo, o deslocamento
do consumo de alimentos pouco saudáveis para alimentos mais saudáveis, respeitando
a identidade cultural-alimentar das populações ou comunidades. As proibições ou
limitações impostas devem ser evitadas, a não ser que façam parte de
orientações individualizadas e particularizadas do aconselhamento nutricional
de pessoas portadoras de doenças ou distúrbios nutricionais específicos,
devidamente fundamentadas e esclarecidas. Por outro lado, supervalorizar ou
mistificar determinados alimentos em função de suas características nutricionais
ou funcionais também não deve constituir a prática da promoção da alimentação
saudável. Alimentos nutricionalmente ricos devem ser valorizados e devem entrar
naturalmente na dieta adotada, sem que se precise mistificar uma ou mais de
suas características, apesar de essa
tendência estar sendo muito explorada pela propaganda e publicidade de
alimentos funcionais e complementos nutricionais.
Atualmente,
em função das exigências do padrão de beleza impostos pela mídia, estão
surgindo dietas inapropriadas, que estão sendo utilizadas por muitas pessoas. São
muitas as opções de “dietas milagrosas” que prometem a perda de peso, de forma
acentuada e rápida. Não faltam exemplos, como a dieta da lua, dieta das frutas,
dietas da sopa, dieta das proteínas, dietas dos shakes, dietas com restrição a
carboidrato, entre tantas outras. São dietas que geralmente restringem o tipo
de alimento a ser consumido (tipo e qualidade) e a quantidade diária de
ingestão. Em sua grande maioria causam efeitos negativos na saúde e não atendem
aos requisitos exigidos de uma alimentação saudável para manutenção da saúde.
Mesmo as
dietas para perda ou manutenção do peso corporal, que exigem redução calórica,
devem atender ao padrão alimentar e nutricional considerado adequado. Além
disso, deve ser uma oportunidade de aprender e exercitar a reeducação
alimentar, atendendo aos quesitos da adequação em quantidade e qualidade,
prazer e saciedade.
A perda de
peso acelerada e “instantânea” impede a perda de gordura corporal. O que se perde,
nesses casos, é água corporal e massa muscular que pesa na balança, mas não se
emagrece de fato. Com a orientação de um nutricionista, os resultados de perda
e manutenção do peso saudável, que são os aspectos mais difíceis e
comprometidos pelas “dietas da moda”, podem ser excelentes e alcançados sem
comprometimento da saúde e do estado nutricional.
Salienta-se
ainda que a prática de atividade física é igualmente estratégica para redução de
peso. Não é possível dissociar o consumo alimentar do gasto energético.
A formação
dos hábitos alimentares se processa de modo gradual, principalmente durante a
primeira infância; é necessário que as mudanças de hábitos inadequados sejam
alcançadas no tempo adequado, sob orientação correta.
Não se deve esquecer que,
nesse processo, também estão envolvidos valores culturais, sociais,
afetivos/emocionais e comportamentais, que precisam ser cuidadosamente
integrados às propostas de mudanças.
Em nossa
próxima matéria estarei falando a respeito da pirâmide alimentar e vamos
pontuar algumas recomendações básicas para uma mudança de comportamento
alimentar adequada, visando uma melhoria em sua qualidade de vida. Até a
próxima!
Referências:
Silva SMCS, Mura JDP. Tratado de alimentação, nutrição e
dietoterapia. 1ªed. São Paulo: Roca; 2007. 1122p.
Mahan LK,
Escott-Stump S. Krause: alimentos,
nutrição e dietoterapia. 11ª ed. São Paulo: Roca; 2005. 1242p.
Mendonça RT.
Nutrição um guia completo de alimentação, práticas de higiene, cardápios, dieta
e gestão. 1ªed. São Paulo: Rideel; 2010. 448p.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a
população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília 2008; 210p.
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