terça-feira, 7 de agosto de 2012

Comportamento Alimentar


            
         A alimentação envolve diferentes aspectos que manifestam os valores culturais, sociais, afetivos e sensoriais de cada população. Diferentemente dos demais seres vivos, as pessoas, ao se alimentarem, não buscam apenas suprir as necessidades orgânicas de nutrientes, mas também consumir alimentos com aromas, cores, diferentes texturas e sabores que agradam ao paladar e proporcionem saciedade, mais do que componentes nutricionais à dieta.
            Em geral, o homem moderno não está preocupado com a qualidade nutricional dos alimentos, mas, sim com o sabor, a aparência, as embalagens práticas e acessíveis.
            A maior preocupação do homem moderno é comer e manter a saciedade, priorizam o que é “prático”, mesmo que sem qualidade nutricional. Esse fato justifica o grande crescimento de indústrias de produtos em embalagens individuais como por exemplo, batatas do tipo chips, biscoitinhos recheados e lanches do tipo fast food.
            Tal hábito alimentar ocasiona inúmeros problemas de saúde e doenças carenciais devido à ingestão descontrolada de produtos sem valor nutritivo recomendável, principalmente por crianças e adolescentes. Esses produtos, que são muito práticos mas sem valor nutricional, são o lanche preferido de grande parte dos estudantes de todas as faixas etárias. Além disso, ingerem-se com esses alimentos grandes quantidaedes de gorduras, carboidratos refinados, principalmente açúcar, e de sódio, deixando-se de lado as proteínas, vitaminas, minerais e fibras, nutrientes indispensáveis para manter o organismo saudável.
            Uma dieta apropriada é aquela que é tanto adequada quanto balanceada e incorpora variações individuais, tais como idade e estágio de desenvolvimento, preferências de paladar e hábitos alimentares. Também reflete a disponibilidade dos alimentos, condições socioeconômicas, instalações de armazenamento e de preparo e habilidade culinária. Uma dieta balanceada é aquela que atende todas as necessidades nutricionais de um indivíduo para a manutenção, reparo, processos vitais, crescimento ou desenvolvimento. Engloba energia e todos os nutrientes em quantidades apropriadas e proporcionais entre si. A presença ou ausência de um nutriente essencial pode afetar a disponibilidade, absorção, metabolismo ou necessidades dietéticas de outros. O reconhecimento das inter-relações dos nutrientes garante um suporte maior para o princípio de manter uma variedade de alimentos para fornecer a mais completa dieta.

            Uma alternativa de ação para a alimentação saudável deve favorecer, por exemplo, o deslocamento do consumo de alimentos pouco saudáveis para alimentos mais saudáveis, respeitando a identidade cultural-alimentar das populações ou comunidades. As proibições ou limitações impostas devem ser evitadas, a não ser que façam parte de orientações individualizadas e particularizadas do aconselhamento nutricional de pessoas portadoras de doenças ou distúrbios nutricionais específicos, devidamente fundamentadas e esclarecidas. Por outro lado, supervalorizar ou mistificar determinados alimentos em função de suas características nutricionais ou funcionais também não deve constituir a prática da promoção da alimentação saudável. Alimentos nutricionalmente ricos devem ser valorizados e devem entrar naturalmente na dieta adotada, sem que se precise mistificar uma ou mais de suas características, apesar de  essa tendência estar sendo muito explorada pela propaganda e publicidade de alimentos funcionais e complementos nutricionais.
            Atualmente, em função das exigências do padrão de beleza impostos pela mídia, estão surgindo dietas inapropriadas, que estão sendo utilizadas por muitas pessoas. São muitas as opções de “dietas milagrosas” que prometem a perda de peso, de forma acentuada e rápida. Não faltam exemplos, como a dieta da lua, dieta das frutas, dietas da sopa, dieta das proteínas, dietas dos shakes, dietas com restrição a carboidrato, entre tantas outras. São dietas que geralmente restringem o tipo de alimento a ser consumido (tipo e qualidade) e a quantidade diária de ingestão. Em sua grande maioria causam efeitos negativos na saúde e não atendem aos requisitos exigidos de uma alimentação saudável para manutenção da saúde.   
            Mesmo as dietas para perda ou manutenção do peso corporal, que exigem redução calórica, devem atender ao padrão alimentar e nutricional considerado adequado. Além disso, deve ser uma oportunidade de aprender e exercitar a reeducação alimentar, atendendo aos quesitos da adequação em quantidade e qualidade, prazer e saciedade.
            A perda de peso acelerada e “instantânea” impede a perda de gordura corporal. O que se perde, nesses casos, é água corporal e massa muscular que pesa na balança, mas não se emagrece de fato. Com a orientação de um nutricionista, os resultados de perda e manutenção do peso saudável, que são os aspectos mais difíceis e comprometidos pelas “dietas da moda”, podem ser excelentes e alcançados sem comprometimento da saúde e do estado nutricional.


            Salienta-se ainda que a prática de atividade física é igualmente estratégica para redução de peso. Não é possível dissociar o consumo alimentar do gasto energético.
            A formação dos hábitos alimentares se processa de modo gradual, principalmente durante a primeira infância; é necessário que as mudanças de hábitos inadequados sejam alcançadas no tempo adequado, sob orientação correta.
      Não se deve esquecer que, nesse processo, também estão envolvidos valores culturais, sociais, afetivos/emocionais e comportamentais, que precisam ser cuidadosamente integrados às propostas de mudanças.
           
            Em nossa próxima matéria estarei falando a respeito da pirâmide alimentar e vamos pontuar algumas recomendações básicas para uma mudança de comportamento alimentar adequada, visando uma melhoria em sua qualidade de vida. Até a próxima!


Referências:

Silva SMCS, Mura JDP. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 1ªed. São Paulo: Roca; 2007. 1122p.

Mahan LK, Escott-Stump S. Krause:  alimentos, nutrição e dietoterapia. 11ª ed. São Paulo: Roca; 2005. 1242p.

Mendonça RT. Nutrição um guia completo de alimentação, práticas de higiene, cardápios, dieta e gestão. 1ªed. São Paulo: Rideel; 2010. 448p.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília 2008; 210p.

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