MATÉRIA DO
JORNAL CORREIO BRASILIENSE (DF) CUJA UMA DAS FONTES É A DIRETORA DO CRN9,
ELISABETH CHIARI
Nova febre na luta contra a obesidade, o líquido impede o armazenamento de
gordura no corpo. Especialistas alertam que, se ingerido incorretamente, ele
pode sobrecarregar o fígado e desencadear o diabetes.
Paula
Takahashi
Belo
Horizonte — Os óleos naturais mostram-se verdadeiros aliados na prevenção de
uma série de doenças e ganham destaque principalmente pelas funções de combate
ao envelhecimento e à gordura localizada. Para esse último fim, o óleo de coco
foi alvo recentemente de uma febre de consumo. Agora, divide as atenções com o
de cártamo, novo queridinho de quem quer eliminar os pneuzinhos na barriga.
Extraído das
sementes da planta Carthamus tinctorius, de origem asiática, o óleo de cártamo
tem de 60% a 80% de ácido linoleico — mais conhecido como ômega 6. “Essa
substância tem a capacidade de inibir uma enzima chamada lipase lipoproteica,
que tem como função transferir a gordura presente na corrente sanguínea para o
interior das células adiposas. São elas as responsáveis por armazenar a gordura
corporal e que compõem o tecido adiposo do corpo humano”, explica a
nutricionista Bruna Murta.
Quanto mais
ativa a lipase estiver no organismo, maior será a quantidade de gordura
transportada para dentro das células adiposas. “Bloqueando a ação dessa enzima,
a transferência de gordura para o interior das células também fica inibida, o
que obriga o corpo a utilizar a gordura acumulada como fonte de energia durante
a atividade física, estimulando a lipólise”, observa a nutricionista. O óleo de
cártamo também é rico em ácido oleico, o ômega 9, mais um agente importante no
processo de emagrecimento. “Ele pode auxiliar no aumento da produção do
hormônio GLP 1 no intestino, que promove a saciedade”, diz Murta.
Esses
benefícios só serão sentidos, porém, se acompanhados de alguns cuidados. Para
estimular a lipólise por meio do ômega 6, é preciso promover a betaoxidação, o
que faz com que a gordura presente no corpo seja quebrada e, posteriormente,
transformada em energia. “Se isso não ocorre, ela será acumulada no fígado,
trazendo uma série de prejuízos para o órgão”, alerta a nutricionista funcional
Caroline Matos. Por isso, Murta desaconselha o consumo do cártamo por pessoas
que têm esteatose hepática, doença caracterizada pelo alto nível de gordura
alojada no fígado.
Para impedir
o desencadeamento desse processo e garantir que o óleo de cártamo seja protagonista
na perda de peso, o consumo dele deve estar associado à prática de atividades
físicas. “O grande problema é que muitas pessoas esperam o efeito, que não virá
sozinho. Os resultados são visíveis naqueles que fazem exercícios físicos
porque é dessa forma que estará sendo promovida a transformação da gordura em
energia. Só a lipólise não basta”, garante Matos.
Ciente disso,
a técnica em enfermagem Neide Aparecida Duarte, 48 anos, começou a tomar o óleo
de cártamo simultaneamente à inscrição na academia. “Com isso, já perdi quatro
quilos e percebi que o óleo tem o poder de reduzir a gordura concentrada na
barriga, exatamente o lugar onde tenho mais problema”, conta. Sem qualquer
efeito colateral, Neide conheceu o suplemento por meio da irmã. “O meu personal
também falou que era muito bom e que eu deveria continuar malhando para ver os
resultados. Pretendo manter a ingestão para perder mais peso”, planeja.
Ação conjunta
Além da
atividade física, outro agente deve ser incorporado à rotina diária. “O ômega 6
deve agir em conjunto com o ômega 3. Isso porque o primeiro é inflamatório e o
segundo anti-inflamatório. O ideal seriam três partes de ômega 3 para uma de
ômega 6”, aconselha a nutricionista e diretora do Conselho Regional de Nutrição
de Minas Gerais, Elisabeth Chiari. Se as veias, artérias e células apenas
inflamarem estimuladas pela ação do ômega 6 e não tiverem a contrapartida do
ômega 3, as consequências podem ser inversas às esperadas. “Pode provocar
endurecimento das células adiposas, dificultando a perda de gordura a longo
prazo”, observa Chiari.
Associar o
consumo do óleo de cártamo com o de peixe é uma boa alternativa para manter o
funcionamento adequado do organismo, principalmente porque a dieta rotineira
tende a ser rica em muitos agentes inflamatórios, como o glúten e a lactose.
Por isso, orientação profissional é essencial para definir as quantidades
ideais para cada pessoa. “Principalmente porque alguns começam a tomar e ter
resultados negativos. Com isso, desacreditam no produto porque estão, na
verdade, fazendo mau uso dele”, observa Caroline Matos. A nutricionista Bruna
Murta destaca ainda que há pesquisas que indicam que o excesso do óleo de
cártamo pode levar à resistência à insulina, problema que desencadeia o
diabetes.
Combinação de
cuidado
“Alguns óleos
têm algumas propriedades que são benéficas. O de cártamo é rico em ômega 6, de
60% a 80%, e em ômega 9, de 20% a 40%. Esses dois têm propriedades benéficas. O
ômega 9 reduz triglicerídios e ainda reduz o LDL, o chamado colesterol ruim,
além de aumentar o HDL, o colesterol bom. Já o ômega 6 previne a osteoporose,
deixa a pele mais saudável, pode ser usado para tratamento de equizema e
dermatite de pele, além de síndrome pré-menstrual e algumas formas de alergia
de pele. Também há no óleo de cártamo uma alta concentração de vitamina E,
antioxidante natural que previne o envelhecimento, algumas formas de câncer de
mama e doenças cardiovasculares. Mas a ideia de que, apenas ao tomá-lo, a
pessoa emagrecer não é verdadeira. Antes dele, era consumido o CLA, ácido
linoleico conjugado com a proposta de queima de gordura e aumento da massa
muscular. Pela falta de estudos científicos que atestassem a eficácia e
segurança do CLA, ele foi proibido em 2007 pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). A partir de então, o óleo de cártamo surgiu com se o CLA
fizesse parte de sua composição. Alguns fabricantes até incluíram o CLA e
várias remessas foram interditadas por esse motivo. Se consumido em quantidades
adequadas, não vai causar prejuízos, mas o emagrecimento vem da associação com
uma alimentação equilibrada atrelada à prática de atividade física.”
Fabiano
Robert, médico nutrólogo e membro da Sociedade Brasileira de Nutrologia
Os benefícios
Confira as propriedades
dos principais óleos naturais
CÁRTAMO
Composto por
ômegas 6 e 9, auxilia no aumento da saciedade e bloqueia a ação da enzima
lipase lipoproteica, responsável por transportar a gordura presente na corrente
sanguínea para o interior das células adiposas.
Consumo: de
duas a três cápsulas por dia, o equivalente a uma colher de sopa, meia hora
antes ou depois das principais refeições.
GÉRMEN DE
TRIGO
Fonte de
vitamina E, tem excelente ação antioxidante, que retarda o envelhecimento da
pele. O óleo de gérmen de trigo também tem o poder de oxigenar o sangue e
demonstra ótimos resultados no tratamento de insônia, estresse, problemas
hormonais e na prevenção de doenças crônicas como diabetes, o câncer e a
aterosclerose.
Consumo: seis
cápsulas por dia, que, ao todo, fornecem 9,6mg de vitamina E.
MACADÂMIA
Rico em ômega
7, uma gordura insaturada que ajuda no rejuvenescimento da pele. O óleo é
encontrado na secreção sebácea natural da pele, mas a produção dele diminui com
o envelhecimento. Contém ainda ômega 9, gordura insaturada que protege o
coração.
Consumo: de
5g a 10g, equivalentes a uma a duas colheres de sopa, respectivamente.
LINHAÇA
Excelente fonte
vegetal de ômega 3. O consumo auxilia no controle do colesterol, na redução de
triglicérides e da pressão arterial, contribuindo para a prevenção de doenças
cardiovasculares. Tem ainda efeito anti-inflamatório. Também é fonte de GLA, um
tipo de gordura insaturada que faz parte da estrutura do óleo. Ajuda também no
alívio dos sintomas da TPM e da menopausa.
Consumo: de
2g a 4g por dia. Pode ser misturado ao azeite na proporção de duas partes de
azeite para uma de óleo de linhaça (100ml de azeite e 50ml de óleo de linhaça)
e usado para temperar saladas.
COCO
Fonte de
ácido láurico — aproximadamente 50% da gordura do coco —, fortalece o sistema
imunológico, agindo como agente antiviral, antifúngico e antibacteriano. Ajuda
na eliminação de bactérias patogênicas no intestino, contribuindo para a
melhora do funcionamento intestinal. Tem efeito termogênico, auxiliando na
perda de peso.
Consumo: de
três a quatro colheres de sopa ao dia.
Fonte: Rede
Mundo Verde e especialistas
Nenhum comentário:
Postar um comentário