quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Cártamo: O óleo da vez

MATÉRIA DO JORNAL CORREIO BRASILIENSE (DF) CUJA UMA DAS FONTES É A DIRETORA DO CRN9, ELISABETH CHIARI

Nova febre na luta contra a obesidade, o líquido impede o armazenamento de gordura no corpo. Especialistas alertam que, se ingerido incorretamente, ele pode sobrecarregar o fígado e desencadear o diabetes.


Paula Takahashi


Belo Horizonte — Os óleos naturais mostram-se verdadeiros aliados na prevenção de uma série de doenças e ganham destaque principalmente pelas funções de combate ao envelhecimento e à gordura localizada. Para esse último fim, o óleo de coco foi alvo recentemente de uma febre de consumo. Agora, divide as atenções com o de cártamo, novo queridinho de quem quer eliminar os pneuzinhos na barriga.

Extraído das sementes da planta Carthamus tinctorius, de origem asiática, o óleo de cártamo tem de 60% a 80% de ácido linoleico — mais conhecido como ômega 6. “Essa substância tem a capacidade de inibir uma enzima chamada lipase lipoproteica, que tem como função transferir a gordura presente na corrente sanguínea para o interior das células adiposas. São elas as responsáveis por armazenar a gordura corporal e que compõem o tecido adiposo do corpo humano”, explica a nutricionista Bruna Murta.

Quanto mais ativa a lipase estiver no organismo, maior será a quantidade de gordura transportada para dentro das células adiposas. “Bloqueando a ação dessa enzima, a transferência de gordura para o interior das células também fica inibida, o que obriga o corpo a utilizar a gordura acumulada como fonte de energia durante a atividade física, estimulando a lipólise”, observa a nutricionista. O óleo de cártamo também é rico em ácido oleico, o ômega 9, mais um agente importante no processo de emagrecimento. “Ele pode auxiliar no aumento da produção do hormônio GLP 1 no intestino, que promove a saciedade”, diz Murta.

Esses benefícios só serão sentidos, porém, se acompanhados de alguns cuidados. Para estimular a lipólise por meio do ômega 6, é preciso promover a betaoxidação, o que faz com que a gordura presente no corpo seja quebrada e, posteriormente, transformada em energia. “Se isso não ocorre, ela será acumulada no fígado, trazendo uma série de prejuízos para o órgão”, alerta a nutricionista funcional Caroline Matos. Por isso, Murta desaconselha o consumo do cártamo por pessoas que têm esteatose hepática, doença caracterizada pelo alto nível de gordura alojada no fígado.

Para impedir o desencadeamento desse processo e garantir que o óleo de cártamo seja protagonista na perda de peso, o consumo dele deve estar associado à prática de atividades físicas. “O grande problema é que muitas pessoas esperam o efeito, que não virá sozinho. Os resultados são visíveis naqueles que fazem exercícios físicos porque é dessa forma que estará sendo promovida a transformação da gordura em energia. Só a lipólise não basta”, garante Matos.


Ciente disso, a técnica em enfermagem Neide Aparecida Duarte, 48 anos, começou a tomar o óleo de cártamo simultaneamente à inscrição na academia. “Com isso, já perdi quatro quilos e percebi que o óleo tem o poder de reduzir a gordura concentrada na barriga, exatamente o lugar onde tenho mais problema”, conta. Sem qualquer efeito colateral, Neide conheceu o suplemento por meio da irmã. “O meu personal também falou que era muito bom e que eu deveria continuar malhando para ver os resultados. Pretendo manter a ingestão para perder mais peso”, planeja.

Ação conjunta
Além da atividade física, outro agente deve ser incorporado à rotina diária. “O ômega 6 deve agir em conjunto com o ômega 3. Isso porque o primeiro é inflamatório e o segundo anti-inflamatório. O ideal seriam três partes de ômega 3 para uma de ômega 6”, aconselha a nutricionista e diretora do Conselho Regional de Nutrição de Minas Gerais, Elisabeth Chiari. Se as veias, artérias e células apenas inflamarem estimuladas pela ação do ômega 6 e não tiverem a contrapartida do ômega 3, as consequências podem ser inversas às esperadas. “Pode provocar endurecimento das células adiposas, dificultando a perda de gordura a longo prazo”, observa Chiari.

Associar o consumo do óleo de cártamo com o de peixe é uma boa alternativa para manter o funcionamento adequado do organismo, principalmente porque a dieta rotineira tende a ser rica em muitos agentes inflamatórios, como o glúten e a lactose. Por isso, orientação profissional é essencial para definir as quantidades ideais para cada pessoa. “Principalmente porque alguns começam a tomar e ter resultados negativos. Com isso, desacreditam no produto porque estão, na verdade, fazendo mau uso dele”, observa Caroline Matos. A nutricionista Bruna Murta destaca ainda que há pesquisas que indicam que o excesso do óleo de cártamo pode levar à resistência à insulina, problema que desencadeia o diabetes. 

Combinação de cuidado
“Alguns óleos têm algumas propriedades que são benéficas. O de cártamo é rico em ômega 6, de 60% a 80%, e em ômega 9, de 20% a 40%. Esses dois têm propriedades benéficas. O ômega 9 reduz triglicerídios e ainda reduz o LDL, o chamado colesterol ruim, além de aumentar o HDL, o colesterol bom. Já o ômega 6 previne a osteoporose, deixa a pele mais saudável, pode ser usado para tratamento de equizema e dermatite de pele, além de síndrome pré-menstrual e algumas formas de alergia de pele. Também há no óleo de cártamo uma alta concentração de vitamina E, antioxidante natural que previne o envelhecimento, algumas formas de câncer de mama e doenças cardiovasculares. Mas a ideia de que, apenas ao tomá-lo, a pessoa emagrecer não é verdadeira. Antes dele, era consumido o CLA, ácido linoleico conjugado com a proposta de queima de gordura e aumento da massa muscular. Pela falta de estudos científicos que atestassem a eficácia e segurança do CLA, ele foi proibido em 2007 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A partir de então, o óleo de cártamo surgiu com se o CLA fizesse parte de sua composição. Alguns fabricantes até incluíram o CLA e várias remessas foram interditadas por esse motivo. Se consumido em quantidades adequadas, não vai causar prejuízos, mas o emagrecimento vem da associação com uma alimentação equilibrada atrelada à prática de atividade física.”

Fabiano Robert, médico nutrólogo e membro da Sociedade Brasileira de Nutrologia



Os benefícios
Confira as propriedades dos principais óleos naturais



CÁRTAMO
Composto por ômegas 6 e 9, auxilia no aumento da saciedade e bloqueia a ação da enzima lipase lipoproteica, responsável por transportar a gordura presente na corrente sanguínea para o interior das células adiposas.

Consumo: de duas a três cápsulas por dia, o equivalente a uma colher de sopa, meia hora antes ou depois das principais refeições.



GÉRMEN DE TRIGO
Fonte de vitamina E, tem excelente ação antioxidante, que retarda o envelhecimento da pele. O óleo de gérmen de trigo também tem o poder de oxigenar o sangue e demonstra ótimos resultados no tratamento de insônia, estresse, problemas hormonais e na prevenção de doenças crônicas como diabetes, o câncer e a aterosclerose.

Consumo: seis cápsulas por dia, que, ao todo, fornecem 9,6mg de vitamina E.


MACADÂMIA
Rico em ômega 7, uma gordura insaturada que ajuda no rejuvenescimento da pele. O óleo é encontrado na secreção sebácea natural da pele, mas a produção dele diminui com o envelhecimento. Contém ainda ômega 9, gordura insaturada que protege o coração.

Consumo: de 5g a 10g, equivalentes a uma a duas colheres de sopa, respectivamente.



LINHAÇA
Excelente fonte vegetal de ômega 3. O consumo auxilia no controle do colesterol, na redução de triglicérides e da pressão arterial, contribuindo para a prevenção de doenças cardiovasculares. Tem ainda efeito anti-inflamatório. Também é fonte de GLA, um tipo de gordura insaturada que faz parte da estrutura do óleo. Ajuda também no alívio dos sintomas da TPM e da menopausa.


Consumo: de 2g a 4g por dia. Pode ser misturado ao azeite na proporção de duas partes de azeite para uma de óleo de linhaça (100ml de azeite e 50ml de óleo de linhaça) e usado para temperar saladas.



COCO
Fonte de ácido láurico — aproximadamente 50% da gordura do coco —, fortalece o sistema imunológico, agindo como agente antiviral, antifúngico e antibacteriano. Ajuda na eliminação de bactérias patogênicas no intestino, contribuindo para a melhora do funcionamento intestinal. Tem efeito termogênico, auxiliando na perda de peso.

Consumo: de três a quatro colheres de sopa ao dia.




Fonte: Rede Mundo Verde e especialistas

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