Nos dias
atuais o homem tem procurado uma vida mais saudável e seus hábitos alimentares
vêm sendo modificados pela introdução de novos produtos na sua dieta. Seja por
cuidados com a estética ou problemas de saúde, o homem está substituindo o
açúcar por produtos conhecidos como edulcorantes (adoçantes), compostos com
sabor semelhante ao da sacarose, porém com baixo valor calórico ou
completamente sem calorias.
Os
edulcorantes permitidos para uso em alimentos e bebidas dietéticas são vários,
mas cada um possui características específicas de intensidade, persistência do
gosto doce e presença ou não de gosto residual. Além disso, tais
características podem se modificar em função de suas concentrações. Estes
fatores são determinantes na aceitação, preferência e escolha por parte dos
consumidores.
Segundo a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os adoçantes são produtos
especificamente desenvolvidos para dar sabor doce aos alimentos e bebidas,
tendo a sacarose (açúcar de cana ou de beterraba) como principal exemplar. Já
os adoçantes dietéticos conferem doçura sem possuir sacarose na composição,
pois são elaborados para atender às necessidades de pessoas com restrição de
carboidratos simples (como por exemplo, os diabéticos).
Os adoçantes
dietéticos são constituídos basicamente por edulcorantes e agentes de corpo. Os
edulcorantes são substâncias químicas responsáveis pelo sabor doce e
normalmente possuem um poder adoçante muito superior à sacarose, sendo necessária,
portanto, uma quantidade muito menor para se obter a mesma doçura, com a
vantagem de ter menos ou nenhuma caloria. Já os agentes de corpo, também
chamados de veículos, são compostos utilizados com a finalidade de diluir os
edulcorantes dando volume ao produto. Como alguns edulcorantes são 1000 vezes
mais doces do que o açúcar, se fossem comercializados na forma pura, teriam que
ser usados em quantidades muito pequenas para se obter a mesma doçura da
sacarose, o que tornaria seu uso inviável. Alguns exemplos de agentes de corpo
permitidos pela legislação são: água, lactose, glicose, maltodextrina e
manitol.
Os adoçantes
dietéticos podem ser divididos em dois grupos distintos:
-Não
nutritivos (sacarina, ciclamato, acessulfame-k, sucralose e esteviosídeo) que
fornecem doçura acentuada e não contêm calorias além de serem utilizados em
quantidades muito pequenas;
-Nutritivos
(frutose, sorbitol e aspartame) - fornecem energia e textura aos alimentos,
geralmente contêm valor calórico semelhante ao açúcar e são utilizados em
quantidades maiores em relação aos não nutritivos.
Conheça um
pouco mais sobre alguns adoçantes e suas características:
SACARINA
A sacarina é
o mais antigo adoçante e é proveniente do metilantranilato, substância que
aparece naturalmente nas uvas. Foi descoberta em 1875. É cerca de 300 vezes
mais doce que a sacarose, estável ao calor e não cariogênico. Tem meia vida longa,
porém apresenta um gosto residual metálico/amargo. Não é metabolizado no
sistema digestivo humano, é excretado rapidamente pela urina e não se acumula
no organismo humano. A ingestão diária aceitável é de 3,5mg/Kg. Estudos mostram
fraca associação entre consumo de altas doses e câncer em ratos, os quais fizeram com
que, em 1977, o FDA propusesse sua proibição; e após novo estudo, agora com
supervisão do Congresso Norte-Americano, essa proibição foi retirada, porém com
dose recomendada. Estudos em humanos, com uso intenso dessa substância, não comprovaram
a associação entre seu uso e câncer. O limite de consumo, quando a sacarina
recebeu o status de segura, em 1955, foi de 500mg/dia para crianças e
1.000mg/dia para adultos.Entretanto, o consumo diário varia, em média, de 25 a
125 mg/dia para não-diabéticos e de 54 a 173 mg/dia para diabéticos.
CICLAMATO
O ciclamato é
composto pelo ácidociclo-hexil-sufâmico e foi descoberto em 1937. Seu poder
adoçante é pequeno quando comparado com outros adoçantes, somente 30 vezes o da
sacarose. É usado em associação com a sacarina, combinando o alto poder adoçante
da sacarina coma ausência de sabor residual do ciclamato. A FDA (Food and
Drugs Administration), do governo norte-americano, proibiu desde 1970 em
virtude da existência de estudos mostrando associação com câncer. Avaliações posteriores feitas pelo Cancer Assessment Committee
(Comitê de Avaliação de Câncer) Center for Food Safety and Applied
Nutrition (Centro de Segurança Alimentar e Nutrição Aplicada), FDA, Scientific
Committe for Food (Comitê Científico para Alimentos), União Européia e Organização
Mundial da Saúde concluíram que o ciclamato não é carcinogênico e foi
readmitido no mercado de alimentos. A ingestão diária aceitável é de11mg/kg.
Este adoçante é contra-indicado para indivíduos hipertensos, devido à grande
quantidade de sódio contido em sua formulação.
ACESULFAME-K
O acesulfame K ou acesulfame potássio foi descoberto em1967, na Alemanha.
Trata-se de um sal orgânico constituído de carbono, nitrogênio, oxigênio, hidrogênio,
enxofre e potássio. É cerca de 200 vezes mais doce que a sacarose. Tem estabilidade ao calor, podendo ser usado em
cozimentos e assados. Não apresenta gosto
residual prolongado, porém isso pode acontecer em altas doses. Após a ingestão,
passa sem modificações pelo sistema digestivo, sendo, portanto, não calórico. A
dose diária máxima aceitável é de15mg/kg/dia. Indivíduos que necessitam limitar
a ingestão de potássio (K) devem ser orientadas pelo médico quanto ao consumo
deste produto.
SUCRALOSE
Descoberta em 1976, a sucralose é um derivado da sacarose, com substituição
de três grupos hidroxila por cloro, tendo pouca absorção, e a pouca quantidade
absorvida não é metabolizada para produção de energia. Não é calórica e possui
sabor agradável. Após vários estudos, a sucralose mostrou-se segura, não
estando associada ao desenvolvimento de câncer, não provocando alterações
genéticas, defeitos congênitos, lesão neurológica ou qualquer outra alteração metabólica,
mesmo em dose acima de 500mg/kg/dia. Não provoca resposta insulínica e vários
estudos mostraram que é segura ao meio ambiente, sendo biodegradável. É cerca
de 400 a 800 vezes mais doce que a sacarose. Em decorrência da sua solubilidade
na água e estabilidade, a sucralose pode ser utilizada em vários alimentos e
bebidas industrializadas. A ingestão máxima aceitável é de cerca de15mg/kg/dia.
ESTEVIOSÍDEO
O esteviosídeo
é obtido da Estevia rebaudiana originária das Américas, onde é usada
como planta medicinal no controle de diabetes. Trata-se de uma substância
termolábil, não carciogênica e que não é metabolizada pelo organismo. Tem cerca
de 300 vezes o poder adoçante em relação à sacarose. As folhas de Esteviarebaudianabertoni,
uma planta originária doParaguai, têm sido utilizada há séculos pela população
nativa como adoçante. Vários estudos mostraram a segurança toxicológica dessas
substâncias.Em decorrência disso, os extratos
contendo esteviosídeos estão liberados no Japão, Brasil, Coréia do Sul,
Argentina e Paraguai e usados como suplementos dietéticos nos EUA. O Comitê da
FAO/OMS para aditivos alimentares sugere a ingestão diária aceitável de até 4mg/kg.
Possui sabor residual amargo, mas tem o benefício de ser um adoçante natural.
FRUTOSE
A frutose é
um monossacarídeo natural, de sabor agradável e encontrado principalmente nas
frutas. É encontrado como componente dos xaropes de milho ricos em frutose. A frutose
cristalina é obtida a partir do amido de milho através da isomerização. Fornece
4Kcal/g. A frutose tem sido associada em vários estudos epidemiológicos com
aumento de peso, triglicérides, pressão arterial elevada e resistência insulina
e aumento nos níveis de ácido úrico. Estudos comprovaram que seu uso por tempo
prolongado dificulta a absorção do cobre, mineral importante na síntese da
hemoglobina (responsável pela pigmentação dos glóbulos vermelhos). Tem poder
adoçante 1,7 vezes em relação à sacarose. Tem vantagens em relação à glicose e
à sacarose, pois, além de mais doce, tem mais solubilidade que a glicose e a sacarose.
Seu metabolismo não depende da insulina. A dose diária aceitável é de até 50g/dia.
SORBITOL
É uma
substância natural presente em algumas frutas, algas marinhas, etc. Com poder
edulcorante igual ao da sacarose e similar ao da glicose, não sendo
aconselhável a pacientes obesos e diabéticos mal controlados. Calórico, fornece
4 calorias/grama e ao ser absorvido se transforma em frutose no organismo. A
frutose é transformada em glicose no fígado, mas como o processo é lento, não
altera significativamente a glicemia. Não é tóxico e apresenta boa
estabilidade. Resiste, sem perder seu potencial adoçante, a processos de
aquecimento, evaporação e cozimento.
ASPARTAME
O aspartame
foi descoberto em 1965 e é o metil éster de dois aminoácidos (L aspartato e
L-fenilalanina). É cerca de 200 vezes mais doce que a sacarose. Fornece cerca
de 4 kcal/g, porém são necessárias quantidades muito pequenas para atingir o
sabor adocicado desejado e, portanto, a caloria agregada é insignificante. A
metabolização do aspartame no intestino dá origem a três componentes comuns da
dieta: ácido aspártico, fenilalanina e metanol, e, portanto, está
contra-indicado para pacientes com fenilcetonúria. Estudos com animais de laboratório
mostraram que o aspartame não apresenta nenhum efeito indutor de câncer, mesmo
em altas doses. A ingestão diária aceitável é de 40mg/kg.
Pra auxiliar na hora da escolha, veja a composição de alguns adoçantes
disponíveis no mercado:
Tabela de Composição dos Adoçantes.
|
||
Nomes Comerciais
|
Composição de Edulcorantes
|
Forno e Fogão
|
Stevia Plus
Lowçucar (pó)
|
steviosídeo, sacarina, ciclamato
|
Sim
|
Stevia Plus Lowçucar
(líquido)
|
steviosídeo, sacarina, ciclamato
|
Sim
|
Stevia Classis
Lowçucar (pó)
|
steviosídeo, aspartame, acessulfame-K
|
Sim
|
Stevia Classis
Lowçucar (líquido)
|
steviosídeo, sacarina, ciclamato
|
Sim
|
Adoçante Magro
Lowçucar (líquido)
|
sacarina e ciclamato
|
Sim
|
Gold (pó)
|
aspartame
|
Não
|
Gold (líquido)
|
aspartame e sorbitol
|
Não
|
Tal & Qual
(pó)
|
sacarina e ciclamato
|
Sim
|
Assugrin (líquido)
|
sacarina e ciclamato
|
Sim
|
Doce Menor (pó)
|
sacarina e ciclamato
|
Sim
|
Doce Menor
(líquido)
|
sacarina e ciclamato
|
Sim
|
Finn (pó)
|
aspartame
|
Não
|
Finn (tablete)
|
aspartame
|
Não
|
Finn (líquido)
|
aspartame
|
Não
|
Finn Cristal
(líquido)
|
sacarina e ciclamato
|
-
|
Slim Linea (pó)
|
sucralose e acessulfame-K
|
Sim
|
Slim Linea
(líquido)
|
sucralose e acessulfame-K
|
Sim
|
Adocyl (pó)
|
aspartame
|
Não
|
Adocyl (líquido)
|
sacarina e ciclamato
|
Sim
|
Zero-Cal (pó)
|
aspartame
|
Não
|
Zero-Cal (líquido)
|
aspartame e sorbitol
|
Não
|
Zero-Cal (líquido)
|
sacarina e ciclamato
|
Sim
|
Na hora de escolher seu adoçante o mais importante é ler no
rótulo sua composição, observando sempre que, alguns fabricantes colocam em destaque na embalagem a substância mais saudável, mesmo que, às vezes a mesma esteja presente em quantidades insignificativas. Lembre que alguns dos citados na lista não estão a venda
no mercado, já que são usados para fabricação de produtos diet ou light. Caso
você possua alguma doença e seja necessário usar adoçante diariamente, lembre
que só o nutricionista ou médico pode indicar o ideal pra você. Não se arrisque!
Outra dica: tome cuidado com a quantidade, todos podem prejudicar sua saúde se ingeridos exageradamente.
Até a próxima!
Barreiros RC. Adoçantes nutritivos e não nutritivos. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba. 2012; 14(1)5-7.
Portaria n º 29, de 13 de janeiro de 1998. Acessso em 19/09/2012. Disponível
em: http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/29_98.htm
Baruffaldi R, Tabile MNO. Tecnologia de Alimentos Dietéticos. Módulo I: Edulcorantes,
Universidade de São Paulo. Faculdade de Ciências Farmacêuticas, 1991;57-62.
Philippi ST.
Nutrição e Técnica Dietética. São Paulo: Editora Manole; 2003.
Chemello E. A
Química na Cozinha apresenta: O Açúcar.Revista Eletrônica ZOOM da Editora Cia
da Escola –São Paulo, Ano6, nº 4, 2005. [versão para impressão]
Original disponível on-line
em: www.ciadaescola.com.br/zoom/materia.asp?materia=291
Parabéns pelo post muito informativo..
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