O ovo aumenta
a taxa de colesterol. MITO: segundo recomendação da American Heart Association,
o limite de ingestão diária de colesterol é de 300 mg. Embora o ovo represente
185 mg deste valor, estudos têm demonstrado relação inversa entre o consumo e
aumento da taxa. As razões: além de as gemas aumentarem o colesterol bom (HDL),
cientistas concluíram que os distúrbios cardiovasculares estão mais
relacionados à sensibilidade hereditária e maus hábitos alimentares, como a
ingestão de gorduras saturadas (principalmente a trans), do que com os níveis
de colesterol do ovo. "Em uma dieta equilibrada, seu uso traz benefícios,
inclusive de regulação do colesterol", diz Patrícia Rung, nutricionista e
mestre em neurociências pela Universidade Federal Fluminense (UFF). A
cardiologista Rica Delmar Buchler, coordenadora da Cardiologia do SalomãoZoppi
Diagnósticos, considera que o impacto do consumo de ovos depende da capacidade
do organismo em absorver o colesterol. "Acredita-se que entre 75% e 85%
das pessoas sejam pouco sensíveis às concentrações do mesmo na dieta, ou seja,
a influência do consumo de itens ricos no componente sobre o LDL-colesterol é
muito pequeno". Ela diz que suas conclusões se baseiam em dois estudos da
Sociedade Brasileira de Cardiologia, de agosto de 2012 e de janeiro de 2013.
É
recomendável descartar a gema. MITO: "A ingestão de uma gema por dia está
de acordo com a recomendação de consumo moderado para a população em
geral", destaca a cardiologista Rica Delmar Buchler. A gema é rica em
luteína e zeaxantina, elementos essenciais para a saúde dos olhos. A primeira
ainda ajuda a proteger o corpo de inflamações. "Ela contém também o ácido
graxo ômega 3 na forma de DHA, que é uma gordura saudável capaz de melhorar a
comunicação entre as células e o sistema nervoso, além de ser impor tante para
os olhos. A lecitina auxilia no controle dos níveis de gordura e colesterol. E
há proteínas de alto valor biológico, quer dizer, que são bem absorvidas pelo
organismo, como a A, D e E", destaca Anna Bordini. A nutricionista
Patrícia Rung acrescenta a colina a essa lista, lembrando que é um nutriente
importante para a memória. Quanto ao fato de atletas descartarem a gema e
consumirem mais clara, Buchler explica que isso acontece porque a clara é feita
basicamente de proteína, que ajuda na construção da musculatura.
Quem
apresenta colesterol alto ou já sofreu dano no coração, precisa controlar o
consumo. VERDADE: a nutricionista Patrícia Hung adverte que é preciso controlar
o consumo de qualquer alimento, "pois nenhum deve ser ingerido
exageradamente". Mas, segundo ela, dá para comer até cinco ovos por semana
nestes casos. Estudo de 2007 publicado no jornal científico "Medical
Science Monitor" provou que comer um ou mais ovos por dia não aumenta o
risco de problemas do coração em adultos saudáveis. Em 2012, pesquisadores da
Universidade de Alberta, no Canadá, anunciaram a capacidade de o ovo prevenir
distúrbios cardiovasculares graças às propriedades antioxidantes. Acredita-se,
ainda, que 70% do mau colesterol são produzidos pelo fígado e por fatores
ambientais como genética, obesidade, fumo, sedentarismo e dieta pobre em fibras
e rica em gordura saturada. "Pacientes com tendência a males coronarianos
devem, sim, manter controle rigoroso dos níveis de colesterol, especialmente de
LDL. Mas é importante considerar que o consumo elevado de gorduras saturadas
tem impacto muito maior na colesterolemia (presença de colesterol no sangue), e
o ovo pouco acrescentará ao risco de doença cardiovascular", salienta a
cardiologista Rica Delmar Buchler.
A pressão
arterial sobe se a pessoa come muito ovo. MITO: em estudos já publicados, ficou
claro que o ovo tem ação anti-inflamatória e ajuda no emagrecimento, o que
diminuiria a pressão. Cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá,
reforçam o argumento: o consumo pode estar relacionado com a redução da tensão
sanguínea. A justificativa é que as proteínas do alimento são convertidas, por
enzimas do estômago e dos intestinos, em peptídeos, elementos que baixam a
pressão arterial. A cardiologista Rica Delmar Buchler concorda: "Não há
nenhuma evidência, baseada em pesquisas, que faça um paralelo entre a ingestão
de ovos e o aumento da pressão arterial".
O ovo é uma
proteína de grande qualidade. VERDADE: há quem o considere a melhor proteína da
natureza, importante para a integridade de ossos, músculos e cartilagens. É só
conferir a extensa lista de bons elementos: albumina (presente na clara),
proteína de alto valor biológico que evita a perda da musculatura; ferro e
zinco, fortalecedores do sistema imunológico capazes de evitar a anemia e
melhorar a absorção de oxigênio; aminoácidos essenciais, não produzidos pelo
organismo; carotenoides e vitaminas A, E e do complexo B, antioxidantes que
previnem o envelhecimento precoce e várias doenças. Em crianças de até três
anos, o consumo de um ovo atende a cerca de 50% da necessidade diária de
proteína. Por tudo isso, especialistas defendem: comer ovos inteiros tem
efeitos superiores a ingerir multivitamínicos. "Se não é a melhor proteína
da natureza, está entre as campeãs, ficando atrás somente do leite materno. O
ovo apresenta uma fonte proteica biodisponível de 48%, enquanto o leite materno
oferece 49% de absorção, e as carnes vermelhas cerca de 32%. Sem falar que o
alimento é composto por 20 aminoácidos, 14 minerais, 12 vitaminas e
carotenoides como luteína e zeaxantina", diz a médica Anna Bordini.
Ovo melhora o
funcionamento do cérebro e ajuda quem tem males como Alzheimer e Parkinson.
VERDADE: o alto teor de colina (nutriente essencial que faz parte do complexo
B) e ômega 3 (ácido graxo) beneficia as funções cerebrais e previne distúrbios
neurodegenerativos, atuando na construção da membrana de novas células e
reparação das já lesadas. "Ele é rico em DHA, gordura boa que favorece a
comunicação entre as células e o sistema nervoso. Contém zinco, selênio, ferro
e fósforo, responsáveis pela interação celular e pelos impulsos elétricos no
cérebro. As vitaminas do complexo B atuam regulando a troca de informações,
sinapses, entre os neurônios", ensina a médica Anna Bordini. E tem mais:
nas grávidas, fornece colina suficiente para o desenvolvimento do cérebro do feto
e, nas crianças em idade escolar, dá uma força no desempenho.
O ideal é consumir
ovos de três a cinco vezes na semana. VERDADE: "Devemos sempre variar a
ingestão de alimentos para receber a maior multiplicidade possível de
nutrientes", diz a médica Anna Bordini. O ideal, dizem os especialistas, é
alternar com outras fontes de proteína, como peixe, frango e carne vermelha, e
evitar o consumo de ovo frito, que aumenta o teor de gordura. Se a alimentação
é equilibrada e a saúde boa, dá até para comer uma unidade por dia. "As
recomendações sobre consumo de ovos têm sido revistas e novas pesquisas indicam
que a ingestão de um ovo por dia pode ser aceitável se outros alimentos ricos
em colesterol forem limitados na dieta", observa a cardiologista Rica
Delmar Buchler, acrescentando que é importante, no entanto, diminuir a gordura na
forma de preparo. "Quando frito ou mexido, há adição de gorduras, que
aumentam as calorias e, dependendo do tipo (manteiga, margarina), elevam o
colesterol sanguíneo".
Não se deve
guardar os ovos na porta da geladeira. VERDADE: o abre e fecha da porta implica
na alteração da temperatura e ainda pode provocar rachaduras na casca, às vezes
imperceptíveis, contaminando o conteúdo do alimento. Se a geladeira não tem
compartimento específico para ovos, vale deixá-los na própria embalagem, em uma
das prateleiras.
O ovo estraga
logo se ficar fora da geladeira. VERDADE: trata-se de um produto de origem
animal, com prazo de validade. Conforme informa Anna Bordini, o ovo fresco dura
60 dias em local refrigerado. "Fora da geladeira, só até dez dias no verão
e 15 dias no inverno." Há um teste para saber se ele está ou não ok:
coloque-o em uma vasilha de água com um pouco de sal e observe o que acontece.
Se afundar, é fresco; se boiar, quase chegando ao fundo e com a ponta para baixo,
já está passado; se permanecer na superfície, pode jogar fora que já estragou.
Em relação ao item em si, no ovo fresco o conteúdo é firme e a clara compacta.
Clara muito líquida, gema quebrada ou com pinta de sangue são sinais de
deterioração.
O ovo pode
provocar intoxicação alimentar e doenças. VERDADE: o maior perigo é a bactéria
salmonela, que habita o intestino da galinha e pode ser encontrada na casca do
ovo. "Ela é responsável por surtos de mal estar, levando a quadros graves
de saúde que necessitam de internação hospital", adverte a médica Anna
Bordini. Trata-se de uma intoxicação que, em duas horas, atinge o trato
gastrointestinal com diarreia e vômito e, em três ou quatro horas, chega a
órgãos vitais como coração e pulmão. A contaminação ocorre pela exposição do
ovo em locais mal higienizados e com temperatura elevada. "Porém, se ele é
produzido, embalado e armazenado em boas condições de higiene, e fica sob refrigeração
depois, praticamente não há risco." De qualquer forma, fica o alerta:
conservar o produto dentro da geladeira, e não na porta, e, importante, não
consumi-lo cru.
Não se deve
consumir o ovo cru ou com a gema mole. VERDADE: o risco de contaminação pela
bactéria salmonela, que pode se instalar na casca e provocar sérios problemas
de saúde, inclusive levando à morte, justifica a proibição de não comer o ovo
cru ou com a gema mole. Importante: a bactéria se desenvolve em temperaturas de
até 50ºC. Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontam
que, entre 1999 e 2007, 22,6% dos casos de contaminação notificados pelo
Ministério da Saúde foram causados pela ingestão de ovos crus ou mal cozidos.
Tal constatação levou o órgão a aprovar uma norma, em 2009, que determina a
obrigatoriedade, nos rótulos de todos os ovos comercializados no país, das
seguintes advertências: "O consumo deste alimento cru ou mal cozido pode
causar danos à saúde" e "Manter os ovos preferencialmente
refrigerados". Então, já sabe: cuidado com doces e gemadas preparados com
ovos crus e, ao consumir, cozinhe o item por 12 minutos.
A clara do
ovo favorece o desempenho de atletas e praticantes de atividade física.
VERDADE: "O ovo é muito importante para a saúde de quem se exercita porque
oferece um equilíbrio na quantidade de aminoácidos, o que resulta no aporte de
proteínas de alta qualidade e auxilia no ganho de massa muscular", diz a
médica Anna Bordini, acrescentando que o ovo ainda oferece vitaminas, minerais e
antioxidantes essenciais para a saúde muscular. Além de não ter gordura, a
clara é rica em albumina, proteína que ajuda na recuperação de músculos. Por
isso, muitos atletas se habituaram a comer, diariamente, duas claras. Mas fica
o alerta: não é preciso ingerir a clara crua, uma vez que o cozimento não
interfere na absorção dos nutrientes e elimina o perigo de contaminação pela
bactéria salmonela, que tantos riscos traz à saúde.
Quem está de
dieta deve evitar comer ovos. MITO: a médica Anna Bordini informa que o ovo,
como efeito indireto, aumenta o hormônio mais abundante do corpo, adiponectina,
antes chamado de GBP28. "Trata-se de um elemento que modula vários
processos metabólicos, incluindo a regulação da glicemia e o catabolismo de
ácidos graxos, evitando picos de insulina e a vontade de beliscar ou comer o
que estiver pela frente. Ela é secretada no tecido adiposo e seus níveis no
sangue estão inversamente relacionados com o percentual de gordura
corporal." O ovo oferece, ainda, alto poder de saciedade e, como a gema
tem gorduras monoinsaturadas e ômega-3, ajuda a controlar o nível de açúcar no
sangue. A unidade crua tem 70 calorias, enquanto a frita cerca de 100 (pela
gordura adicionada). Estudiosos da Universidade de Louisiana, nos Estados
Unidos, concluíram em pesquisa que comer dois ovos pela manhã ajuda a afinar a
silhueta. Anos antes, em 2005, tese publicada no "Journal of the American
College of Nutrition" já sinalizava o mesmo: ao ingerir o item no
desjejum, as pessoas se sentiriam mais satisfeitas, diminuindo a quantidade de
calorias consumidas ao longo do dia.
A proteína do
ovo pode substituir a da carne. MITO: apesar de a proteína do ovo conter alto
poder biológico, não seria interessante a substituição. Trocar a carne vermelha
por outras fontes é possível, porém é importante lembrar que os alimentos não
possuem os mesmo nutrientes. "A exclusão ou substituição de algum alimento
pode ser prejudicial à saúde", adverte a médica Anna Bordini.
Cozinhar o
ovo ajuda na digestão do mesmo. VERDADE: a clara, quando crua, contém
inibidores de enzimas digestivas - que, com o calor do cozimento, são
destruídas. Estudos mostraram que, ao consumir um ovo cru, há digestão de
apenas 50% das proteínas disponíveis, ao invés dos 90% quando se come o item
cozido. Mais um motivo para não se ingerir o alimento cru.
A gema
oferece mais nutrientes do que a clara. VERDADE: "A gema concentra vitaminas
A, D e E, que são facilmente absorvidas pelo organismo, além de lecitina, que
controla os níveis de gordura e colesterol, e antioxidantes como luteína e
zeaxantina", diz a médica Anna Bordini. A clara, por sua vez, contém
vitaminas do complexo B e minerais, como fósforo e selênio. No fim das contas,
a conclusão é que as duas partes se complementam.
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